Muitos astrônomos amadores nem tirariam seus equipamentos da caixa para tentar capturar algum objeto de céu profundo durante o pico da Lua cheia. Isso é que se escuta e se lê por ai... resolvi testar eu mesmo e tirar minhas conclusões.
Joguei tudo no bagageiro da rural e parti para dentro do cerrado goiano em um céu bortle 5. Planejei tentar um astro que ficasse o mais distante possível da Lua no céu, que me permitisse algumas horas de trabalho e que fosse uma nebulosa de emissão, já que eu iria usar um filtro de banda estreita.
A escolha foi a Nebulosa do Pelicano. Região de emissão na constelação de Cisne (próxima a estrela Deneb) situada a 2.000 anos-luz da Terra. Essa é uma região de HII, caractetizada pela presença de gases Hidrogênio ionizado (principalmente na linha H-alpha) e Helio, que em Pelicano estão se tornando mais quentes gradativamente devido a presença de estrelas jovens e quentes.
Espera-se desse tipo de região uma tonalidade mais rosada/avermelhada (devido as linhas de Hidrogênio e He). Mas é possível também observar regiões menores em outras tonalidades.
A curiosidade que trago aqui é uma estrutura (aparenta um filamento) na parte de trás da cabeça do pelicano cósmico. Esse tipo de estrutura é comum em regiões HII. Foi catalogada como IC5067 e se estende por 10 anos-luz!
Céus limpos!
@astronomiaNoCerrado