A Astronomia é fascinante, pois
quanto mais a humanidade caminha para as profundezas do Cosmos, mais nos
sentimos especiais por sermos o que somos e estarmos onde estamos. Por outro
lado, revela um paradoxo, pois somos ainda uma civilização Terrestre sem a mínima
perspectiva de colonizarmos mundos melhores e ainda estamos caminhando para a
destruição daquilo que é o nosso único lar: a Terra.
Com seus séculos de evolução, a
astronomia nos passa a sensação que vivemos em uma bolha, um aquário e que
nunca saberemos o que existe do lado de fora. Dela vem o entendimento de um
Universo observável com quase 14 bilhões de anos de existência e que a ciência
nunca conseguirá nos dizer o que existiu antes ou o que existe além desse
Universo. Somos uma raça com capacidade limitada de compreensão de tudo aquilo
que está ao nosso redor e por esse motivo criamos então nossa própria
realidade.
Nosso conhecimento é baseado nas
nossas percepções e medidas da natureza. Por mais que melhoremos nossos
instrumentos científicos sempre haverá o erro ou o inalcançável. É a evidencia
de que nunca saberemos de tudo.
Nessa construção de nossa própria
realidade tentamos a Teoria de Tudo, tentamos criar a vida em laboratório,
tentamos criar máquinas "inteligentes"...
Espera aí, não somos nós tentando
reproduzir algo que nem mesmo compreendemos bem? Algo que precisou de 14
bilhões de anos para se desenvolver? Sim, porém ainda não atingimos esse grau
de evolução que nos permitirá colocar a cabeça para fora do aquário. Estamos,
talvez, fadados a "resolver" os problemas que nós mesmos criamos
nessa realidade própria.
Mas parece que mudanças estão
acontecendo...
Na minha concepção, nosso salto
de evolução não se dará unicamente pela Educação. É preciso algo a mais, algo
de extraordinário, que não seremos capazes de controlar. Um processo evolutivo,
natural, não reproduzível pela nossa raça.
Vez ou outra ouvimos notícias de
crianças com altas habilidades (muitas vezes consequência da condição de
Autismo) nas áreas de exatas, linguística, nas artes, nos esportes. Viram do
avesso e destrincham tudo aquilo que lhes surgem como hiperfoco. São humanos
nitidamente com capacidades extraordinárias.
O Universo primitivo evoluiu e
tudo indica que o número de crianças com Autismo também está crescendo. Darwin
explica!
Alguns estudos mostram que mais
de 40% das pessoas dentro do Espectro de Autismo (TEA) podem possuir altas
habilidades e, para as próximas gerações, o número de crianças dentro do
espectro tende a aumentar.
Se assim for, teremos mais e mais
pessoas com altas habilidades morando nesse pequeno ponto pálido azul - que
chamamos de Terra - nos próximos séculos.
Além das altas habilidades, são
frequentemente serem humanos sensíveis não somente ao ambiente (luz, ruído,
texturas, alimentos) mas também com as outras pessoas. São compassivos e
protetores. Eles sentem os sentimentos dos outros e tem pouca aptidão para
mentiras e ironias.
Se tem algo que eles sabem muito
bem é que limites não são obstáculos intransponíveis. Limites são oportunidades
de crescimento. Frequentemente, desde muito pequenos já travam batalhas com
aquilo que são menos eficientes em busca da superação.
Qual o nosso papel como seres sem
esse superpoder? O nosso papel é dar lugar e condições para essas crianças se
desenvolverem plenamente, entendendo que talvez sejam o caminho mais rápido
para a nossa evolução.
Os desafios são muitos, pois
somos uma raça que cria condições para viver baseadas na média daquilo que
somos. Nossas políticas educacionais, de saúde e assistência afetiva são todas
baseadas no ser humano médio. Infelizmente, nós, de maneira inconsciente, estamos sempre definindo como todos
devam ser para que sejam alguém ou para que tenham alguém. Acolher e compreender o diferente, sem buscar sua normatização, embora imprescindível, na prática se torna bastante difícil. Isso precisa mudar para mudarmos nossa realidade.
Inclusão vai muito além de leis e
normas de conduta. A verdadeira inclusão tem a ver com ser percebido e
respeitado como parte de um todo, se sentir igual mesmo sendo diferente, se
sentir especial como todas as outras pessoas. Por fim, cada um de nós é um ser
único e precioso. Como dizia Carl Sagan: “somos todos formados por poeira de
estrelas”, com uma pitada de algo extraordinário.
Nosso planeta Azul
A verdadeira evolução virá, mas ela virá
Do Homem que fala com olhar
Do Homem que sente a brisa passar
Que conversa com as folhas, com a Lua e com o mar.
Que rega na imaginação uma flor de cor azul.
Sonhando com um mundo com mais afeição
Com Homens que tenham grandeza
A grandeza de um menino
De um menino Azul.