Tuesday, December 8, 2020

O céu. O nosso patrimônio

 



O céu compõe com paisagens naturais e culturais, foi inspiração para mitos e histórias, foi catalizador da ciência, serviu como molde para hinos e cidades. O céu sempre foi inspiração para a vida. Mas por incrível que pareça não tem sido bem tratado, ele está sumindo entre prédios, fumaça e luminosidade excessiva. Talvez gerações em um futuro próximo não terão o mesmo direito de contemplar o firmamento ou terão de pagar grandes fortunas para poder ter acesso a essa paisagem que é talvez a mais democrática que existe.

O céu que se vê pode ser a diferença entre ter ou não um bom dia. Pode para muitos ser o único bom momento do dia.

Além dos limites daquele céu que se vê, ainda se percebe com a alma. Quantas vezes em nossas vidas não nos deparamos com aquele céu enorme (como dizia Lúcio Costa), onde o horizonte e o céu se encontram e e ali sentimos que há algo de especial. É... precisamos tratar o céu como um verdadeiro patrimônio!

@astronomianocerrado

Sunday, November 1, 2020

Novidades para a próxima temporada e as razões

Enquanto a chuva predomina por aqui na região resolvi avaliar a possibilidade de melhorias no equipamento para a próxima temporada em 2021. Mas antes de determinar equipamentos e especificações, preciso identificar parâmetros que devem ser melhorados. Outro ponto importante no meu caso é que parte dos equipamentos é compartilhado com dois OTAs bem distintos (apo 80mm e SCT C8), que uso para fotografia de céu profundo e planetária respectivamente.

Os parâmetros que decidi usar para pensar na melhoria dos equipamentos são:

  • Escala da imagem/Resolução arcsec/pixel
  • FWHN
  • Ruído da câmera
  • Excentricidade das estrelas
  • Velocidade da captura para planetária

Bom, dito isso vamos avaliar baseado nas capturas feitas nesse ano:

Primeiro é importante dizer que em média eu consigo fotografar em um céu bem escuro, boa transparência e bom seeing na Chapada dos Veadeiros. Portanto é razoável assumir que posso trabalhar com uma escala de pixel menor.  Para achar minha escala de pixel usei:

Escala = (Tamanho_do_Pixel / Dist Focal) * 206.3

Para o refrator a escala foi de 2.81 arcsec/px e para o C8 (1.05 arcsec - Canon 6D e redutor,  0.57arcsec/px para QHY5R II). O sistema de guiagem fica com uma escala de 6.83 arcsec/px.

Com esse sistema de escala para planetária acabo precisando usar uma barlow de 2.5x para trabalhar adequadamente com comprimentos de onda na faixa de 475-650nm, já que o comprimento focal do C8 não é tão longo assim, diminuindo muito o campo de visão.

Dist Focal = [(Abertura x Tamanho_do_Pixel)/(comprimento_de_onda * 1.22)] * 3

Ainda no campo de planetárias, com essa QHY não consigo velocidade de captura em resolução maior. Limitando a no máximo 100 FPS.

Voltando a atenção para astrofotografia de céu profundo observei o FWHM usando o refrator 80mm e gira por volta de 5-7" o que julgo como alto e a excentricidade das estrelas no centro do campo de visão não são melhores que 0.5. Portanto são dois parâmetros que podem ser melhorados.

Adicionalmente, o sistema de guiagem tanto para o C8 como para o Apocromático podem ter uma resolução mais próxima do sistema primário de captura. O que acredito que irá minimizar o erro durante a guiagem.

Para finalizar, o ruído apresentado pela minha Canon 6D modificada (sem filtro IR) era alto para frames >300s, tornando o processamento das imagens mais custoso do que eu acredito que possa ser.

Levando todos esses fatores em consideração decidi por fazer as seguintes mudanças no equipamento:

  • A QHY5R II será substituída por uma ZWO 224MC
  • O GuideSpoce Orion 169mm será substituído pelo ZWO GuideScope 280mm
  • A Canon 6D mod será substituída pela ZWO ASI 2600MC

A próxima temporada promete!

Céus limpos a todos!

@astronomianocerrado

Monday, October 19, 2020

Meteorito Lunar NWA 5000

 Esse é um pedacinho da Lua que coleciono, chegou por um colecionador da França. Acho que esse meteorito lunar é um dos mais bonitos que já vi devido a sua textura e coloração. Me remete sempre as observações lunares que faço.

Esse acondrito é proveniente das camadas mais superficiais da Lua, provavelmente se desprendeu do corpo parental depois de um impacto, e foi encontrado em 2007 no Marrocos. O material contido nesse meteorito possui 3.2 bilhões de anos, e foi sofrendo diferenciação.


Esse é um dos 89 meteoritos lunares reconhecidos e o segundo maior com massa total de aproximadamente 11kg. Curiosamente nenhum deles caiu em solo brasileiro, nem mesmo no continente latino.

@astronomianocerrado

Friday, October 9, 2020

Meteorito de Santa Filomena - PE

Em meados de Julho e Agosto de 2020 foram observadas três chuvas de meteoros na região de Santa Filomena - PE. Esse evento é raro por ter ocorrido tantas vezes em pouco tempo em uma mesma região e também por ter ocorrido em área urbana/povoada. A maior parte dos meteoritos que tocam a superfície do nosso planeta acabam no fundo dos oceanos ou em áreas não habitadas, tornando mais difícil encontra-los.

A chuva de meteoros chamou a atenção de todo o mundo, muitos pesquisadores e colecionadores lotaram a pequena cidade de 7mil habitantes dando inicio a uma verdadeira "corrida ao meteoro". Meteoritos chegaram a ser vendidos por centenas de milhares de reais em um mercado improvisado no posto de combustível da cidade. O grama inflacionou rapidamente e esse se tornou um meteorito caro. Além dessas questões financeiras, o Santa Filomena levantou questões sobre a venda e propriedade desses objetos.

É importante dizer que não há uma legislação específica no Brasil sobre o comercio desse tipo de artefato, prevalece o modelo dos EUA que da posse ao bem ao cidadão que o encontrou.

Consegui meu exemplar, é um Condrito Ordinário H. Os meteoritos Condritos são da época da formação do sistema solar, possuem aproximadamente 4 5 bilhões de ano. São chamados assim pois são formados por grânulos metais e minerais que existiam na época da formação do sistema solar e não sofreram modificações desde então.

Esse meteoritos são classificados de acordo com sua composição, principalmente na quantidade de Ferro-Níquel e de material orgânico.




Eles se formaram quando o Sol era ainda uma estrela jovem originado pelo colapso de uma nebulosa solar, envolto por um disco protoplanetário de gás e poeira. Toda essa matéria então começou a se aglutinar pela ação da gravidade - acreção - e mudanças de temperatura. Os menores deram origem aos asteróides e cometas, ja os mairoes detam origem a astros como os Planetas. Acredita-se que aqueles astros que foram se formando mais longe do Sol, a medida que ganhavam massa atraíram os gases ali presentes e deram origem aos planetas gasosos. Os que estavam mais próximo ao Sol, com presença menor de gases voláteis e mais silicatos deram origem aos planetas rochosos.

Portanto, meteoritos são importantes pois contam detalhes de como nosso sistema solar se formou, são verdadeiras caixas pretas vagando pelo espaço repletas de informação sobre o sistema solar primordial.


Essa crosta escura e em formato arredondado se formam em geral pela.passagem pela atmosfera terrestre.

@astronomianocerrado

Sunday, September 13, 2020

A constelação de Órion

A constelação de Órion talvez seja uma das "regiões" do céu noturno mais conhecidas entre os brasileiros, é nela que se encontram as famosas estrelas três Marias (Mintaka, Alnilam e Alnitak). Órion vem da mitologia grega, era um gigante caçador que foi posto entre as estrelas após morrer lutando contra um escorpião, que também foi posto no céu e deu nome a constelação de Escorpião.


Apesar de ter recebido esse nome. padronizado internacionalmente, outras civilizações tinham visões diferentes dessa região. Os indígenas por exemplo ilustravam a constelação Homem Velho.


Nessa constelação é possível encontrar, na minha opinião, alguns dos objetos de céu profundo mais bonitos: Nebulosa de Órion (M42), Nebulosa Cabeça de Cavalo e a Nebulosa M78.

Minha segunda empreitada atrás da Nebulosa de Orion também não foi muito proveitosa, consegui apenas uns poucos  frames antes da energia acabar em um céu rural no sul goiano.


@astronomianocerrado




Wednesday, August 26, 2020

Jupiter e Saturno

Agosto desse ano tem sido um mês diferente, logo após minha sessão de astrofotos na Chapada dos Veadeiros, que já não rendeu muito dada a grande nebulosidade, veio uma grande frente fria que foi se desfazendo e levando também embora as nuvens. Resolvi então montar meu SCT8 e câmera QHY5II, para fazer umas fotos planetárias. Segue o registro de dois gigantes gasosos do nosso sistema solar.

Update: Astrofotos foram atualizadas por versões melhoradas após recaptura.

Jupiter foi descoberto no inicio do século XVII por Galileu, porém como os outros planetas visíveis da Terra são observados desde o início da humanidade. Jupiter é especialmente fácil de identificar até mesmo nos céus das grandes cidades por ter um grande brilho aparente. Assim como os outros planetas, tem uma trajetória conhecida. A Ecliptica.
A pequena mancha que pode notada na foto no hemisfério sul de Jupiter é uma enorme tempestade na sua atmosfera gasosa. Apesar de parecer pequena, essa manchinha é maior que o nosso planeta.



Saturno, o planeta gasoso mais distante da Terra que pode ser observado a olho nú, também foi descoberto no inicio do século XVII por Galileu. Naquele instante já foi possível saber que haviam anéis ao entorno da sua enorme atmosfera gasosa, como comprova os primeiros desenhos de Galileu. Só mais tarde com algumas expedições da NASA foi possível entender melhor do que eram formados esses anéis, detritos de astros (asteróides, luas, etc). É possível observar na foto que sua atmosfera cria camadas de coloração diferentes, proveniente de diferentes gases e turbulências atmosféricas.



Céus limpos a todos!
@astronomianocerrado

Sunday, August 16, 2020

E assim termina a temporada

 Esse ano todos nós podemos dizer que foi muito difícil, para alguns só atípico. Mas o fato é que foi possivel viver novas experiências ou dar novo significado para as antigas sensações. Foi nesse ano que o propósito da astrofotografia para mim se tornou realidade, quando pude reunir minha família sob as estrelas, poder contemplar a beleza do cosmos com meus meus filhos e mesmo que o sono não permita, sei que estão logo ali explorando o universo em seus sonhos.
Foi assim que para mim terminou essa temporada 2020. Finalizo como tudo começou, apenas um tripézinho, uma câmera e uma lente revelando a beleza que temos sobre nós.




LIGHT: 1 x 20s, ISO 6400, 16mm, F2.8
@astronomianocerrado

Nebulosa do Véu (Parte Ocidental)


Esse é o resultado trágico da morte de uma estrela. A nebulosa do Véu é um SNR ou remanescente de supernova. Uma formação de gás e poeira cósmica deixados pela explosão violenta de uma estrela de grande massa. Trágico, porém belo! Para mim uma das nebulosas mais bonitas. Esse é o lado oeste, tentarei trazer o restante desse belo SNR no futuro!


LIGHTS: 28 x 300s, ISO 1600, Apo 80mm
@astronomianocerrado

Galáxia de Andrômeda


A galáxia de Andrômeda faz parte do grupo local de galáxias ao qual nossa via Láctea pertence, é a galáxia espiral mais próxima de nós, estando a aproximadamente 2.5 milhões de anos-luz na direção da constelação de Andrômeda. É um objeto visível a olho nú em céus escuros como o da Chapada dos Veadeiros, porém sem o uso de instrumentos só conseguimos localizar seu núcleo brilhante. 
Se fosse possível observa-la completamente, seria do tamanho aproximado de três luas.
Simulações mostram que há uma possibilidade (remota) de colisão entre Andrômeda e a Via Láctea!! Mas calma.. só daqui alguns bilhões de anos



Update 07/08/2021. LIGTHS: 47 x 300s Gain 100, Apo Orion 80mm.

@astronomianocerrado

Tuesday, July 28, 2020

Cometa NEOWISE C/2020 F3

O cometa NEOWISE C/2020 F3 foi descoberto em março de 2020 e logo começou a ser observado e fotografado pelo mundo todo. Os primeiros registros vieram do hemisfério norte e em Julho começou a ser capturado por aqui.
Esse é um cometa de período orbital girando por volta de 6.700 anos, então é a última oportunidade de fotografa-lo 😁. Durante o mês de Julho o cometa estará mais próximo ao nosso horizonte noroeste e com magnitude que permitirá sua observação em locais mais escuros. Ao longo do tempo ele passará para maiores elevações e magnitudes mais altas, tornando mais difícil visualiza-lo.


Esse cometa assim como outros é um astro composto de gelo e gases que ao entrarem em contato com a luz do sol começam a ionizar e emitir cores de diferentes tonalidades, dando origem a sua cauda.

LIGHTS: 76 x 3.2s F/5.6 a 300mm ISO 12500
@astronomianocerrado

Monday, July 20, 2020

Nebulosa Dragões de Ara


Essa foi minha segunda captura de Dragóes de Ara (NGC 6188), porém dessa vez apesar de menos horas empilhadas, foram frames de 300s usando uma Canon 6d modificada. Essa captura também serviu para testar o filtro L-Enhance da Optlong, pois no local haviam muitas luzes parasitas e a PL de Brasília ainda bastante presente.  Apesar de menos horas empilhas e local menos escuro, os frames mais longos captaram mais detalhes. 
Meu feedback para o filtro L-Enhance é bastante positivo, seria impossível fotografar sem ele ou com um filtro mais permissível no local.

NGC 6188 é uma nebulosa de emissão localizada a cerca de 4 mil anos-luz de distância na constelação de Ara. Podemos observar no canto inferior direito da imagem a nebulosa bipolar NGC6164 e NGC6165, conhecido no mundo astrofotográfico como Ovo do Dragão de Ara, entretanto pertencente à constelação de Norma.





LIGHT FRAMES: 50 x 300s
DARKS: 10
FLATS: 10
@astronomianocerrado

Nebulosa da Águia


A Nebulosa da Águia foi descoberta ainda em 1745 e ficou ainda mais conhecida depois que os famosos "Pilares da criação" foram fotografados pelo telescópio Hubble nos anos 90. Os pilares são essas estruturas de gás e poeira cósmica que vemos na imagem abaixo. O comprimento do maior pilar chega a 4 anos-luz.
A curiosidade em relação a este objeto está no fato dos pilares já não existirem mais, foram destruídos por uma supernova. Pelo menos era o que alguns astrônomos diziam.
Entretanto esse fato não é uma unanimidade entre pesquisadores. Existem estudos mostrando que na verdade os pilares ainda não foram destruídos e terão seus gases evaporados pelas altas temperatura causadas por esses colapsos estelares de maneira gradual.



LIGHTS FRAMES: 50 x 300s ISO 1600
DARKS FRAMES: 10
BIAS FRAMES: 10
FLAT FRAMES: 10

OBS: O foco do OTA acabou cedendo durante a noite e eu fui perceber só ao final. Vou recapturar M16 e trazer uma nova versão.

@astronomianocerrado

Tuesday, June 23, 2020

A noite mais longa do ano na Chapada dos Veadeiros

Solstício de inverno na Chapada dos Veadeiros, o que fotografar na noite mais longa do ano ?

Fiz essa pergunta durante o dia que antecedeu a madrugada de captura. Quando parti de Brasília rumo a Alto Paraíso de Goiás, fui com o objetivo de fotografar a Nebulosa Dragões de Ara.
Entretanto na noite anterior tive sérios problemas com meu flattener e o refrator 80mm, por algum motivo as estrelas estavam deformadas e as laterais do campo de visão apresentavam estrelas alongadas. Sendo assim seria muito ruim fotografar Dragões e ter que fazer um crop enorme da imagem.
Durante a tarde fiz algumas buscas na Internet para saber exatamente quantos milímetros o flattener precisava ficar do sensor da câmera e logo percebi que faltavam 1mm. Seria isso o problema ? Como arrumar ?
Eis que o amigo Renato, resolveu picotar um cartão de visitas e colocar na junção entre o flattener e o anel T-ring. Será ?


E claro que com essa gambiarra não dava para esperar que desse certo né ?
Ainda faltavam algumas horas de resolvemos dar uma volta na região, fomos conhecer o famoso Jardim de Maytrea. Região bonita e diz a lenda que guarda um portal para outra dimensão!


Não tivemos sucesso na busca do portal e resolvemos retornar para o observatório! Ansioso para saber se a gambiarra dos papéis iria funcionar, mas já pensando qual seria o objeto substituto.
Por volta das 19h, Rigel Kentaurus e Hadar já estavam bem nítidas próximas ao Cruzeiro do Sul e foram logo usadas para ajustar o foco do refrator. Até ai tudo certo. Resolvemos então fazer um frame mais longo nessa região celeste para verificar se o problema tinha sido resolvido. E Voila! Por incrível que pareça aquele 1mm estava fazendo toda a diferença!

Problema resolvido e de volta ao objetivo! E ai temos Dragões de Ara. Nebulosa de emissão é encontrada perto da borda de uma grande nuvem molecular escura na constelação de Ara, a cerca de 4.000 anos-luz de distância.



Noite praticamente perfeita! Não precisava de mais nada, mas recebi um presente no final!
Esse nascer do sol fantástico!


Até a próxima! Céus limpos a todos!
@astronomianocerrado

Sunday, June 21, 2020

Nebulosa da Lagoa



Um ano se passou desde que entrei para esse prazeroso mundo da astronomia/astrofotografia e foi durante o inverno de 2019 que fotografei meu primeiro objeto de céu profundo na Chapada dos Veadeiros.
Resolvi então repetir a dose e fotografar a Nebulosa da Lagoa, servirá como um medidor do quanto aprendi e aprimorei minhas técnicas de captura e processamento de imagens durante esse ano.



Informações:
39 x 300s Light frames
10 Dark frames
10 Bias frames
10 Flat frames

@astronomianocerrado

Monday, June 1, 2020

Nebulosa Omega

Dessa vez arrumamos a tralha toda e rumamos para o sul, sul de Goiás. Chegamos pela manhã em uma fazenda próxima a região de Alexânia para passar o final de semana e a noite fotografar. Essa região sofre muito com a poluição luminosa de Brasília, aproximadamente até uns 30 graus de elevação é bem difícil aproveitar algum objeto e para complicar ainda mais eu teria que esperar a Lua sumir no horizonte por volta de uma da manhã.
Mas esperar dessa vez foi proveitoso, família reunida e podemos observar o céu a olho nu. Observar o cosmos sempre nos ensina algo, sobre nossa história e sobre nós.
Mais uma vez levei o refrator 80mm e o projeto de montagem veicular. dada as condições de relevo e poluição luminosa escolhi como alvo a Nebulosa Ômega (M17), pois estaria próxima ao zênite e portanto mais distante da luz de Brasília e Alexânia.. Uma nebulosa pequena para esse telescópio e uma região com muitas estrelas, nuvens de matéria interestelar na constelação de Sagitário. 
Comecei a fotografar por volta de 1:30 da manhã e pude aproveitar 30 light frames de 5 minutos cada, portanto 2.5 horas de sinal para desvendar essa nebulosa.

Ps: O foco não ficou bom, ausência de flattener e o tempo de exposição ficou curto. Perdi detalhes, mas faz parte do aprendizado. Tentarei captura-la novamente e refazer o processamento

O objeto está localizado a aproximadamente 6000 anos-luz da Terra e foi descoberto ainda no século XVI.
Céus limpos a todos! Até a próxima!



@astronomianocerrado

Sunday, April 26, 2020

Iniciando a temporada 2020


"Houve um tempo antes da televisão, antes dos filmes, antes do rádio, antes dos livros. A maior parte da existência humana foi gasta nesse período. Sobre as brasas moribundas da fogueira, em uma noite sem lua, vimos as estrelas. (Carl Sagan)"

É com as palavras de Carl Sagan que inicio mais esse registro de minhas investidas pelo cerrado em busca de registros do cosmos. Nesse tempo que outrora foi o futuro, há muito para aprendemos com o passado, mas nunca é tarde!

O mês de Abril na região da Chapada dos Veadeiros costuma dar alguma chance aos amantes da astronomia, as chuvas diminuem e há alguns períodos de céu limpo. Foi com essa previsão nada muito certa que acompanhei de perto os dias próximos à Lua Nova.


A expectativa era de céu bom até por volta das 00:00, ainda sim com alguma nebulosidade. Depois desse horário provavelmente não haveria muitas oportunidades. É uma janela de tempo muita curta, ainda mais que eu estaria experimentando novas configurações no meu equipamento.

Pra esse ano pretendo tentar diminuir tamanho, peso e quantidade de itens levados a campo. Isso faz uma enorme diferença quando suas sessões são curtas e está em local sem infra-estrutura. Esse é o caso. Portanto devo deixar meu SCT C8 guardado, o tri-pier, mesas e cadeiras que costumava levar. Devo deixar para trás mais de 20kg em equipamentos e liberar um volume considerável no carro.

Nesse inicio de temporada o objetivo é me adaptar ao pequeno refrator apo 80mm, avaliar algumas adaptações que fiz na minha viatura com o objetivo de facilitar minhas investidas pelo cerrado goiano. Falando em goiano, deixo aqui meu agradecimento ao amigo Renato que fez um contra-peso para esse novo setup em tempo record e com muito capricho!

Sai de Brasília por volta das 13h rumo à Chapada dos Veadeiros, tempo suficiente para eu chegar, achar um bom local para ficar e arrumar tudo.

O primeiro aspecto positivo nessa nova configuração é que gastei menos tempo para deixar tudo pronto. Com a antiga tralha, eu gastava uns 45 minutos descarregando o carro e montando tudo. E na hora de levantar o acampamento então!
Todo o equipamento está sendo alimentado por duas baterias estacionárias. Uma de 50ah apenas para a montagem equatorial e uma de 115ah ligada em um inversor de 1500W para o notebook e o restante dos acessórios.



Outro aspecto positivo é que os cabos/fios que antes ficavam pelo chão, agora ficam aparentemente mais organizados e sem risco de serem chutados!.
O notebook fica a maior parte do tempo (quando estou capturando um objeto) no console do carro, o que também ajuda a proteger o equipamento do tempo úmido da Chapada!
O aspecto mais negativo é que é preciso tomar cuidado ao manipular as coisas dentro do carro, pois um balanço vai atrapalhar bastante.



Agora com o tempo sobrando, deu tempo de observar com calma o pôr-do-sol. Alguém já notou como os buritis ficam bonitos no pôr-do-sol ? E com a presença da Lua e Vênus então ?



A noite cai e é hora de iniciar logo os trabalhos! Até porque o tempo é curto, na melhor das hipóteses terei umas 4 horas para fotografar.
O segundo objetivo para esse ano é tentar usar nossa "estrela polar sul", Sigma Octants como referência para o alinhamento polar da montagem. Isso é importante porque outros métodos costumam levar tempo e carga de bateria!! Já que não está sobrando energia, usando um binóculos e um laser é possível fazer a maior parte do trabalho sem precisar ligar o equipamento.
A idéia era ótima, mas eu esqueci de carregar a bateria do laser!!!! Deu tempo só de ajustar a montagem de forma mais grosseira para o polo sul geográfico.
Com a montagem desalinhada, nada funcionava direito. A guiagem com erro médio total de uns 2.5px era o suficiente pra não conseguir fotos muitos longas. O Plate Solving também não fazia mágica e não conseguia localizar as regiões do céu.
Tentei intervir na posição do GOTO, apontando corretamente a montagem para a constelação de Orion onde se encontrava meu alvo da noite e tirando uma foto para ser avaliada pelo Plate Solving. Funcionou! M42 (Nebulosa de Órion) encontrada!


Nessa minha teimosia em não tentar um drift para o alinhamento polar, tentando remediar o irremediável, o tempo foi passando, as nuvens chegando e o orvalho dando um banho em tudo!
Esse foi outro grande problema, o orvalho! Confiei que o dew shield do 80mm iria dar conta do recado e não levei a fiação para ligar o dew heater. Resultado ? Acabou a noite!
Pra não dizer que não deu pra tirar nenhuma foto, deu pra tirar uma! muito rapidamente e com o foco deixando a desejar.

Bom, foram poucas horas e muitos problemas pra resolver como sempre! É a vida. Nebulosa de Órion ainda será perseguida durante a temporada 2020 e espero trazer uma boa imagem dela.

Céus limpos a todos!
@astronomianocerrado

Astronomia, Determinismo e a boa vida

  Para você o que é ter uma boa vida? A evolução da Astronomia influenciou pensamentos materialistas como o do filósofo grego Demócrito. O...